MMIPO

Teresa de Jesus Gomes Pinto de Oliveira
Proprietária, capitalista e benfeitora da Misericórdia do Porto

Teresa de Jesus Gomes Pinto de Oliveira nasceu na freguesia de São Nicolau, no Porto. Era filha de Manuel António Gomes Pinto e de Maria Albina da Silva Pinto. Foi casada em primeiras núpcias com Luís Mendes de Oliveira, negociante e proprietário, natural do concelho de Fafe, falecido a 22 de novembro de 1873, na rua de Santo Ildefonso, o qual havia deixado em testamento 10 contos de réis à Misericórdia do Porto e um conto de réis ao Estabelecimento Humanitário Barão de Nova Sintra (atual Colégio Barão de Nova Sintra).

Casou pela segunda vez com o seu primo Miguel Joaquim Gomes Pinto, falecido a 30 de agosto de 1926, instituindo-o por único e universal herdeiro de todos os seus bens e nomeando-o testamenteiro em primeiro lugar. Seguiram-se, por esta ordem, Francisco de Sousa Carqueja, António Joaquim da Rocha e, por último, Bento Carqueja. O casal residiu na rua de Fernandes Tomás, na casa n.º 49.

Ao lermos o seu testamento, verificamos que a benfeitora considerou numerosas instituições da cidade do Porto e algumas do concelho de Gaia, de carácter assistencial, educativo e caritativo, como asilos, creches, escolas, hospitais de irmandades e ordens terceiras, recolhimentos e associações de beneficência. A título de exemplo, mencionamos, no Porto, os hospitais das Ordens Terceiras do Carmo, de São Francisco, da Santíssima Trindade, a Irmandade do Terço, o Colégio dos Meninos Órfãos, as Oficinas de São José, o Asilo da Infância Desvalida, o Recolhimento das Meninas Desamparadas, os Albergues Noturnos do Porto, a Associação de Beneficência dos Empregados do Comércio. Também os seus familiares - sobrinhos, afilhados e primos -, e outras pessoas das suas relações não foram esquecidas.

À Santa Casa da Misericórdia do Porto Teresa de Jesus deixou 10 contos de réis nominais em inscrições para a criação de um asilo para cegos e 10 ações do Banco Comercial do Porto para conservação do seu jazigo. Contemplou o Hospital de Santo António com 100 obrigações do governo de 4,5%, ficando a Santa Casa com o encargo de dar anualmente, no dia do aniversário do falecimento da benfeitora, 33 esmolas de 3000 réis a 33 doentes pobres, mulheres e homens. Ao Recolhimento de Órfãs de Nossa Senhora da Esperança (atual Colégio de Nossa Senhora da Esperança) deixou 126 obrigações da Câmara Municipal do Porto, com o encargo de dar anualmente, igualmente no aniversário de falecimento, um dote de 350 mil réis a uma órfã pobre. O Hospital dos Lázaros e os Recolhimentos dos Velhos e das Velhas foram contemplados com 5 ações do Banco Comercial. O Estabelecimento Humanitário do Barão de Nova Sintra recebeu 15 ações do Banco mencionado.

A benfeitora era irmã das Ordens do Carmo, da Santíssima Trindade, de São Francisco, do Terço, das Almas de Santa Catarina e do Santíssimo do Bonfim. Foi ainda irmã benemérita da Misericórdia do Porto, pelas doações que realizou em vida a esta instituição. Neste contexto, importa salientar, em 1905, a doação de nove contos de réis em inscrições que fez, juntamente com o seu marido, ao Recolhimento de Órfãs para se instituir, na capela deste estabelecimento, o Sagrado Lausperene na primeira sexta-feira de cada mês. O remanescente do rendimento deste donativo permitiu, entre outros aspetos, o desenvolvimento do ensino da música no Recolhimento. A relação do casal benemérito com este estabelecimento evidenciou-se igualmente na atribuição de um prémio de mérito anual a uma órfã que se distinguisse pelo bom comportamento e pelo bom aproveitamento escolar. No ato público deste reconhecimento, a premiada recebia uma medalha com a efígie dos beneméritos. Também a aquisição do órgão de tubos da Igreja do Recolhimento, do organeiro britânico Peter Conacher, se deveu à generosidade deste casal.

Teresa de Jesus faleceu a 25 de abril de 1905 na freguesia do Bonfim, com 79 anos de idade, tendo sido sepultada no Jazigo de Luís Mendes de Oliveira (mausoléu n.º 8), seu primeiro marido, sito no Cemitério Privativo da Misericórdia do Porto, no Prado do Repouso.

Coube ao pintor António Carneiro a execução do retrato desta benfeitora, a partir de uma fotografia, que, presentemente, se encontra exposto no MMIPO, na Sala dos Benfeitores, e que havia sido primeiramente exposto na Galeria dos Benfeitores, em 1905.


Teresa de Jesus Gomes Pinto de Oliveira

António Carneiro, 1905?

Óleo sobre tela