MMIPO

Público Obras de arte da SCMP no MMIPO
Obras de arte reunidas ao longo de 500 anos vão ser expostas na Rua das Flores

No museu da Santa Casa da Misericórdia do Porto estará a peça de arte flamenga Fons Vitae, o primeiro quadro que D. Manuel I ofereceu à Santa Casa.


Se tudo correr como previsto, a renovada Rua das Flores, no coração do Porto, vai receber no início de Dezembro, o Museu da Misericórdia do Porto (MMIPO). A assinatura do contrato de financiamento das obras de requalificação foi celebrada esta terça-feira de manhã, na sede da Santa Casa, com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR - Norte).

Durante a cerimónia de assinatura do contrato de financiamento, que decorreu no edifício que será transformado em Museu, António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP) afirmou que a construção deste museu "vai trazer conteúdos que esta zona da cidade não tinha", permitindo a "complementaridade com os Clérigos e o Palácio da Bolsa", dois emblemáticos edifícios situados, também, no centro do Porto.

Tal como António Tavares, também o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, Emídio Gomes salientou a contribuição que a "requalificação da rua das Flores" teve para a "requalificação da Santa Casa e a sua transformação no Museu".

Em declarações aos jornalistas, o provedor da SCMP indicou que a construção do MMIPO "significa acima de tudo a concretização de um sonho com mais de 100 anos" que, finalmente se vai tornar realidade. António Tavares manifestou, uma vez mais, o interesse em inaugurar o espaço, "se não houver nenhum atraso imprevisível", a 8 de Dezembro, afirmando que "as obras vão avançar de imediato".

De acordo com o provedor da Santa Casa, a primeira fase do projecto é a reabilitação do edifício, a segunda fase está ligada à abertura de um restaurante, com entrada pela rua da Vitória e a terceira fase diz respeito à possível expansão do museu. António Tavares explicou que, o espaço onde vai funcionar o museu não reúne "as condições físicas" para toda a colecção da Santa Casa ficar exposta em permanência e, por isso, a SCMP entrou em conversações com os proprietários do edifício ao lado para estudar a possibilidade de o adquirir.

António Tavares destacou o "imenso acervo artístico, cultural e patrimonial" que Santa Casa da Misericórdia do Porto foi adquirindo ao longo dos seus 515 anos de história. Na exposição presente no museu estará a peça de arte flamenga Fons Vitae, o primeiro quadro que D. Manuel I ofereceu à Santa Casa. A colecção permitirá aos visitantes contemplar obras de pintura, de ourivesaria ou de paramentaria.

Os serviços que funcionaram na sede da Santa Casa vão ser transferidos para o edifício em frente, na rua das Flores, que será contudo "afecto ao museu", uma vez que irão funcionar aí a parte administrativa e a área de reservas do MMIPO. Os serviços administrativos da SCMP vão ser transferidos para um prédio junto ao liceu Rodrigues Freitas, perto da rotunda da Boavista.

O investimento total da obra foi de 1,275 milhões de euros, contando com uma comparticipação na ordem dos 872 mil euros pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder). Ainda assim, o provedor da Santa Casa refere que, em todo o processo, foram feitas outras verbas "através de capitais próprios da SCMP nomeadamente o restauro e a reparação da clarabóia e a recuperação toda do acervo".

O presidente da CCDR do Norte, Emídio Gomes, em declarações aos jornalistas afirmou ver esta obra com "dupla qualidade", ou seja, como presidente da CCDR e como portuense. "Como responsável tenho consciência que estamos a apoiar um excelente projecto. Como portuense tenho uma enorme expectativa sobre o museu", afirmou Emídio Gomes. "A Santa Casa vai honrar a cidade do Porto com um museu de qualidade excepcional face ao acumular destes 500 anos de história", acrescentou.

Na cerimónia de assinatura do contracto de financiamento estiveram também presentes o presidente da Irmandade dos Clérigos, o Padre Américo Aguiar, e o Director Regional de Cultura do Norte, António Ponte, que que referiu também "o importante esforço de requalificação" que está a ser feito no sentido de trazer "oferta cultural à cidade".

Texto editado por Ana Fernandes

Fonte: Público 13 de Maio