A exposição "Rua das Flores:
Passagem e Permanência" pretende oferecer aos visitantes uma narrativa sobre os
500 anos de uma das principais artérias da cidade do Porto. A abertura desta
Rua, em 1521, constituiu, na estrutura da cidade medieval, um sinal de
modernidade ao ligar dois importantes núcleos dentro de muralhas: o Mosteiro de
São Bento de Avé Maria, de religiosas beneditinas, e o Convento de São
Domingos, de dominicanos. Ligava, também, o tráfego da zona ribeirinha da
cidade com a Porta de Carros, aberta na muralha, a norte.
Nos séculos seguintes
instalaram-se na rua as elites da cidade. Escolhida para sede da Santa Casa da
Misericórdia e de outras instituições como o Hospital de Rocamador, aqui
residiram algumas das principais famílias da burguesia portuense.
Associada ao negócio do ouro,
a Rua das Flores teve sempre um perfil comercial, com lojas de panos e retrós,
livrarias, alfaiatarias e até uma das primeiras casas fotográficas do Porto.
E, enquanto cenário burguês,
a Rua das Flores foi retratada pelos escritores românticos, como Camilo Castelo
Branco ou Lady Jackson, que aqui passou em 1874, descrevendo o seu bulício. O
crime, ocorrido em 1890, nos números 72-76, proporcionou elementos literários
adicionais àquele cenário. Por outro lado, vários foram os filhos e
descendentes de negociantes da Rua das Flores que se destacaram nas letras e
nas artes, deixando uma marca expressiva na cultura nacional e internacional.
Hoje, em 2021, a Rua das
Flores assume-se, novamente, como um dos principais lugares de trânsito do
Porto, numa cidade em perpétua mudança e com novos desafios colocados à sua
ocupação e fruição. E, embora findos os grandes negócios do ouro, a Rua
continua a ser um mostruário de comércio e de gentes, como foi até ao século
XIX.
Assim, através de um percurso
que une a Rua ao MMIPO, num diálogo sempre presente entre objetos, edifícios e
indivíduos, pretende mostrar-se uma imagem desta artéria com 500 anos, enquanto
lugar de criação, destruição, recriação, passagem e permanência.