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D. Pedro IV, Provedor da Misericórdia do Porto


No dia 2 de julho de 1833, D. Pedro foi eleito provedor da Misericórdia do Porto. A data, carregada de simbolismo, coincidia com o Dia da Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel e com o momento tradicional da tomada de posse dos provedores. A sua eleição, contudo, ocorreu num contexto conturbado: a cidade atravessava o devastador Cerco do Porto, marcado pela fome, pela destruição e pela morte. A acrescer a tudo isso, assistiu-se à introdução no mesmo ano da cólera (cholera morbus), que se disseminou por toda a cidade e vitimou muitas pessoas.

D. Pedro aceitou o desafio de liderar a Misericórdia num tempo de extrema fragilidade. A escassez de irmãos disponíveis, ausentes ou mobilizados para o conflito, obrigou a instituição, a 30 de junho de 1833, a aceitar pessoas influentes que não pertenciam à Irmandade. Essa alteração ao Compromisso, validada por alvará régio de 1 de julho, permitiu a sua nomeação formal. A tomada de posse decorreu no Hospital de Santo António, a 6 de julho, local para onde tinham sido transferidas a secretaria e a Casa do Despacho, por razões de segurança. Esta seria a única vez em que o regente presidiu a uma sessão da Mesa Administrativa.

Durante essa reunião, D. Pedro revelou-se profundamente sensível às dificuldades vividas pela Misericórdia, propondo a admissão de novos confrades com posses na cidade a e a adoção de uma nova pauta alimentar para o hospital, mais ajustada ao aumento do número de doentes e ao novo método de tratamento. A proposta foi entregue à Mesa a 14 de agosto de 1833, fruto do trabalho de uma comissão liderada pelo médico do príncipe regente.

Na ausência do provedor, coube ao escrivão desempenhar esse cargo. Face à proximidade das novas eleições e à incerteza quanto à continuidade de D. Pedro, a Mesa propôs que fosse nomeado "provedor nato", sendo atribuído um vice-provedor em sua substituição. Esta medida, caso único na história da instituição, vigorou até 6 de abril de 1836.

Após a morte de D. Pedro, a 24 de setembro de 1834, a Misericórdia do Porto decidiu, em junho do ano seguinte, homenagear o seu antigo provedor com um retrato, concretizado em 1836 pelo pintor José Alves Ferreira Lima. A pintura integra hoje a coleção de retratos régios do MMIPO - Museu e Igreja da Misericórdia do Porto, perpetuando a memória de um momento único na sua história.

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