O ciclo Conversas n'MMIPO regressou no dia 30 de outubro, pelas 18h00, ao MMIPO - Museu e Igreja da Misericórdia do Porto, reunindo cerca de 50 convidados numa sessão marcada pela reflexão e pelo diálogo em torno da figura do Conde de Samodães e da sua importância na história da Santa Casa da Misericórdia do Porto. O encontro foi dinamizado pelo Provedor da Instituição, António Tavares, e contou com a intervenção do Cardeal D. Manuel Clemente, Patriarca Emérito de Lisboa, convidado para falar sobre o legado de Francisco de Azeredo Teixeira de Aguilar, "Conde de Samodães".
Legado do Conde e património artístico
Na sua intervenção, D. Manuel Clemente traçou um retrato abrangente do percurso académico e espiritual do Conde de Samodães, recordando a sua formação em Matemática pela Universidade de Coimbra e a sua ação enquanto Provedor da Misericórdia do Porto, de onde partiu a iniciativa de criar, em 1885, a Galeria dos Benfeitores, destinada a preservar a memória coletiva da Instituição.
Nascido num tempo marcado pelas lutas liberais, Samodães pertenceu a uma família que sofrera a perseguição miguelista, tendo-se distinguido como católico e liberal convicto. Figura central do Movimento Católico em Portugal, dedicou-se à tarefa de restaurar o catolicismo, missão que lhe foi inicialmente incumbida por Almeida Garrett. Nesse contexto histórico, o papel desempenhado pelos católicos liberais do Porto revelou-se determinante para a afirmação e consolidação do regime constitucional.
Durante a sessão, o Provedor António Tavares destacou a importância de manter viva a herança do Conde de Samodães e referiu-se também à relevância da pintura Fons Vitae, atribuída a Colijn de Coter e atualmente em processo de classificação como bem móvel de interesse nacional. Propriedade da nossa Santa Casa, a obra encontra-se em exposição permanente no MMIPO, simbolizando o património artístico que a Instituição preserva.
Homenagem e memória
Num dos momentos mais simbólicos da tarde, António Tavares prestou homenagem a Alberto Baldaque, que conta com mais de 50 anos de dedicação à Misericórdia do Porto, sublinhando o seu percurso exemplar e o contributo ímpar para a vida da Instituição, atribuindo-lhe o título de Irmão Honorário. Alberto Baldaque agradeceu a distinção, destacando o orgulho de integrar uma Instituição de direito canónico e expressão viva da caridade cristã. Além disso, a Misericórdia do Porto entregou também uma salva de prata ao Cardeal D. Manuel Clemente, em sinal de reconhecimento e gratidão da Instituição.
A sessão encerrou com palavras de apreço do Provedor, que reiterou o compromisso da Misericórdia em "lembrar todos os que servem esta casa", e prestou tributo a D. Manuel Clemente pelo seu contributo para a cidade e para a comunidade católica. O encontro, pautado pela partilha e pela memória, reforçou o elo entre a herança espiritual do passado e a missão atual da Misericórdia do Porto.
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