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António da Silva Moreira
Benfeitor

Filho de João da Silva, carpinteiro de lavoura, e Custódia Ferreira, doméstica, António da Silva Moreira, capitalista, proprietário, brasileiro de torna-viagem, comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e apelidado de "Nabiça" nasceu no lugar de Pedras Rubras, da freguesia de Moreira, no concelho da Maia.

Embora tenha exercido o ofício de seu pai, cedo emigrou para o Brasil, tendo-se estabelecido na Bahia. Aqui, mais propriamente em São Salvador, na freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Praia, casou com Emília de Bastos Moreira, filha de João António de Almeida Pinto e Alexandrina Maria Ferreira Basto, da qual se veio a separar judicialmente. Deste matrimónio houve os seguintes filhos: Joaquim Maria; António Joaquim; Alexandrina; Emília; José António.

Regressou à sua terra natal, juntamente com a família, pelos anos de 1875/1880, tendo contribuído com uma avultada soma para o restauro da igreja do Mosteiro de Moreira. Foi um dos maiores contribuintes do Porto e proprietário de vários imóveis nesta cidade, nomeadamente na freguesia de São João da Foz.

Reconstruiu a "Casa do Soares", localizada em Pedras Rubras, pertencente à sua irmã Ana, então viúva de Manuel Soares, com quem viveu. Às suas sobrinhas concedeu dotes para estas poderem casar. Quanto aos seus sobrinhos, Joaquim e Manuel, havia-os acolhido e ajudado no Brasil, casando-os depois com duas das suas filhas. Joaquim Soares ficou imortalizado numa obra da autoria do conselheiro Luís de Magalhães, intitulada "O Brasileiro Soares", de 1886, que foi prefaciada por Eça de Queirós.

Em 1900, já com noventa anos de idade, os filhos do benfeitor, António, Joaquim, José e Emília, intentaram-lhe um processo de interdição por prodigalidade. Com efeito, a interdição foi decretada um ano depois, passando António Moreira da Silva a receber uma mesada que provinha do rendimento de uns prédios de raiz. A este respeito, importa realçar que, no seu testamento, aprovado em 1902, referiu que fora António Quaresma de Matos, seu amigo e outro importante benfeitor da Misericórdia do Porto, quem lhe havia provido do necessário para a sua subsistência.

As duas terças partes dos seus bens foram deixadas aos seus filhos. Quanto à restante terça, o benfeitor legou várias quantias monetárias destinadas aos pobres, às suas sobrinhas, aos seus empregados, e às pessoas da sua confiança. Alguns estabelecimentos de caridade existentes na cidade do Porto foram também contemplados. Assim, legou: três contos de réis, às Ordens Terceiras do Carmo, da Trindade, de São Francisco e do Terço; dois contos de réis, ao Seminário dos Meninos Desamparados (hoje Centro Juvenil de Campanhã), à Oficina de São José, aos Órfãos da Graça, ao Real Hospital de Crianças Maria Pia e à Creche de São Vicente de Paula; um conto de réis, ao Recolhimento das Meninas Abandonadas.

No tocante à Santa Casa da Misericórdia do Porto, a qual nomeou por testamenteira em terceiro lugar, o benfeitor legou dois contos de réis para o Estabelecimento Humanitário do Barão de Nova Sintra (atual Colégio do Barão de Nova Sintra), seiscentos mil réis para os Hospitais dos Lázaros e das Lázaras, e a metade do remanescente da sua herança, que deveria atingir os quatro contos de réis, para o Hospital Geral de Santo António. Da outra metade do remanescente foi usufrutuária a sua filha Alexandrina.

Faleceu a 01 de fevereiro de 1907 na casa n.º 211 no lugar de Pedras Rubras, tendo sido sepultado no seu jazigo, que havia concluído em 1883 no cemitério paroquial de Moreira da Maia, no qual se encontra a sua estátua de corpo inteiro, realizada numa oficina da rua dos Lavadouros, na cidade do Porto.

O retrato do benfeitor, exposto na Sala dos Benfeitores, é um óleo sobre tela da autoria de Aurélia de Souza. Além do retrato deste benfeitor, na coleção de pintura da Misericórdia do Porto constam outros executados pela pintora, designadamente o dos benfeitores Manuel José Pereira de Lima e de Joaquim Pereira Rosas.